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A lua sorriu.


"Eu pensei que era capaz de te inventar e não voltar atrás, mas tanto faz quem vai dizer que já não era diferente 10 minutos atrás."
Eu pensei tanta coisa nesse meio tempo que você nem imagina. O que me levava aquele lugar naquele dia eu não sei bem explicar, acho que pode se chamar de saudade, de curiosidade. Estava ocorrendo como o planejado, sabia que a probabilidade de te encontrar era grande, mas não pensei que fosse mesmo acontecer. Logo que cheguei uma sensação de nostalgia e um sorriso veio aos meus lábios, fui andando nervosa com a música alta em meu ouvido e desacelerei o passo logo depois, fui olhando calmamente para tudo em volta e então lembranças me vieram a cabeça me fazendo sorri mais e mais, fui até a frente do teatro, ele é tão bonito e grande, era um lugar que me trazia todo o tipo de lembrança, mas naquele momento parecia que tinha voltado a vida em quase cinco meses atrás, olhei e pensei em ir embora, mas logo mudei de ideia e resolvi sentar no que a gente chamava de “nossos” bancos, eu ria de incredibilidade, seria muita coincidência se você aparecesse ali e o efeito da erva ainda um pouco forte, tentei relaxar. Peguei o livro que tinha levado comigo, era CFA, eu me sentia um pouco cultural, mas na verdade aquele lugar era assim, clichê, um bancos em frente ao teatro, lua e de quebra músicas nacionais e internacionais tocavam e antes que pudesse começar a ler, eu dei mais uma observada no lugar e foi quando você passou, meus olhos piscaram mais de duas vezes sem acreditar e o meu coração tava perto de parar de tão forte que ele estava batendo, eu não podia acreditar, era impossível. 
Acompanhei seus passos rápidos com o olhar, te vi passar, pensei em gritar talvez, em “forçar” um encontro, mas a ação foi tão inesperada que apenas fiquei sentada, por fora eu parecia calma, por dentro eu estava literalmente surtando, foi o fim. Fechei os olhos com força e gritei internamente para me acalmar, tava complicado, acho que fiquei mais de meia hora assim, com meu coração a mil, queria te falar que foi difícil. Eu estava tremula, era notável, pois o livro em minhas mãos estava tremendo, tentei me forçar a ler alguma coisa, mas minha mente não deixava, precisava de ar, eu sentia um aperto no peito, eu queria gritar, por um momento pensei que iria chorar, esse misto de emoções, euforia, angustia entre tantos outros era demais pra mim e eu sabia disso e quando te vi isso só se agravou, quis não estar ali, naquela hora quis que você nunca tivesse aparecido. Não aguentando mais eu levantei cobrindo o rosto, precisava de água, e fui rapidamente a qualquer lugar comprar uma e as coisas até que melhoraram, e meus ânimos baixaram e eu pude finalmente começar a ler o livro, pensando que o que tiver de acontecer naquela noite, aconteceria. Então finalmente observei mais calmamente as coisas ao meu redor, havia um casal na minha frente, o que me fez abaixar a cabeça e rir baixo e uma garota ao meu lado também sozinha, sorri mais uma vez. Comecei a ler o livro, consegui entender umas partes e outras não, algumas vezes eu não conseguia controlar meus olhos que insistiam em te procurar, até que depois de um tempo tudo começou a fluir.
Alguma das vezes interrompia a leitura e fechava os olhos, respirando fundo e ouvindo a música alta que vinha lá de trás, pensei em você curtindo também,  mas logo voltava para minha leitura. As horas foram passando, a praça estava começando a esvaziar, daqui a pouco eu iria embora também, no meio da leitura me surge um verso interessante, eu ri sozinha, não era possível que até o livro não estava ao meu favor, a leitura então tinha me cansado, resolvi parar de ler. Resolvi que cinco minutos depois iria embora, só estava me acostumando que aquele seria o nosso reencontro, eu ter te visto passar. O movimento tinha aumentado, eu tocava em meu cabelo olhando as vezes pra cima e outras pra qualquer outro lugar, até que você passou por ali e me viu, mais uma vez naquele mesmo dia, queria que você não estivesse ali. Era certo que aquele era o meu fim, de novo. Tu me olhou incrédulo também, nos encaramos e eu sorri sem jeito, você olhou de novo porque dessa vez eram seus olhos que não acreditavam no que tava vendo, acho que você falou algo e eu não pude ouvir, foi quando você resolveu vir na minha direção, congelei e nem consegui fazer nada além de rir em desespero, acho que você notou:
“Eu não acredito no que eu to vendo, olha só quem está aqui!” você disse mais incrédulo, rindo. Eu ri um pouco.
“Pois não é, e olha só quem resolveu estar aqui justo hoje e justo agora. Que coincidência.” Eu disse.
 Você ria, e me tocava pois não parecia acreditar, o espanto era grande não só pra você, como pra mim também, foi quando você sentou e me deu um beijo na bochecha. Teu toque me despertou e toda a minha calma foi embora.
“Caramba, quanto tempo. Como você está? Como estão as coisas?” Você perguntou.
“Está bem, está tudo nos conformes, ou quase.” Eu disse, tentando transparecer calma na minha voz.
Foi quando conversamos sobre nossas vidas nesse meio tempo, o que fizemos, o que aconteceu, por onde andávamos. Tu insistia em me abraçar e beijar minha bochecha e as vezes o pescoço, testando a minha resistência, e como se fosse como antes, eu ria sem jeito e te contava as coisas e você também, ora a gente relembrava de momentos passados e ríamos, agora era engraçado mas, naquela época não. Naquele momento eu pensava que estava sonhando, ou que eu tava imaginando, aquela cena aconteceu diversas vezes em minha mente é claro, e você continuava exatamente o mesmo, as mesmas falas, o mesmo jeito e bonito, você continuava muito bonito, e eu guardei bem essa sua imagem, queria guardar ela bem direitinho, pra quando mais tarde fosse revivê-la em minhas memórias. Conversamos e conversamos, a sua vida estava tranquila, enquanto a minha passava por uma chuva forte, eu diria. Engraçado como você tentou me tranquilizar dizendo que iria passar e eu sei que vai, só esperava que não demorasse tanto, teus toques oscilavam de tocar minha mão ou beijar minha bochecha, eu sentia um friozinho toda vez que fazias isso.
“Você continua a mesma também.” Você disse. “Está linda, com o mesmo rabo de cavalo, que eu tanto gosto.”
Eu sorri sem jeito, você sorriu também, sorrimos.
“Olha lua, olha como ela tá bonita” Desconversei comentando sobre a lua. E ela tava bonita mesmo, ela presenciava aquele momento, sorri pra ela.
“É um sorriso, ela tá sorrindo pra gente”. Você disse sorrindo, fazendo com o meu apenas se alargasse ainda mais.
O tempo até então tinha passado rápido demais, você disse que devíamos ir embora e eu consenti, fomos caminhando e conversando mais um pouco. Esperamos, eu insistia dizendo que você tinha que ir, e você tinha mesmo e estava tarde, você desconversava e tocamos no assunto do passado, relembramos ainda mais e rimos, falei mais uma vez que você tinha ir, e dessa vez você concordou comigo. Você me abraçou forte e logo depois segurou meu rosto, mentalizei pra você não fazer o que estava pensando, deu dois beijos na bochecha e me roubou um selinho. O toque dos teus lábios ao meu ardeu, voltamos mesmo para abril, mas foi tão rápido que depois não senti mais nada  e soltei um suspiro, bati em suas costas em tom de reprovação, você foi embora. Me deixando sozinha, com aquele turbilhão de sentimentos mais uma vez.
Me permitindo pensar dessa vez no acontecido com outra perspectiva, eu diria que no mínimo é estranho. A tentação que tinha resistido tanto antes e que logo depois cedida era diferente, ver como as coisas se desenrolaram, ver os efeitos que teve mim e os efeitos que teve pra você, é claro que os respingos para mim foram bem mais fortes e com muita intensidade, mas foi bom ver como você tinha lidado com isso também. O meu corpo tinha sido liberado e a purificação veio misturada com prazer e o remorso, minha mente ficou doente por algum tempo mas logo depois entendi o porquê de tudo isso, minha alma, corpo e coração tinham entendido. Então acho que é isso, foi um mal necessário, mas acontece, pois it might be soon, my heart changes with the moon

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