There is a light that never goes out. Abri os olhos e essa música me
veio a cabeça, me levantei e sentei na cama e esfreguei os olhos por alguns
segundos, respirei fundo e cantarolei um trecho da música “take me out tonight,
where there’s music and there’s people”, olhei o relógio e marcava sete horas
em ponto. Levantei e fui fazer minha higiene pessoal e tratar de me arrumar
para o trabalho, seria mais um dia sem perspectivas, as mesmas pessoas e as
mesmas coisas e o mesmo lugar e por mais que eu estivesse cansado dessa rotina
eu não fazia nada para mudar, acomodação da minha parte, eu sei, por alguns
raros momentos eu tentava prestar atenção nas pessoas ao meu redor mas, elas
simplesmente não falavam nada. Peguei minhas coisas e fui embora, cumprimentei
seu Valdir, o porteiro e ele respondeu, ele era uma das poucas pessoas que eu
gostava de conversar, ele me aconselhava e muito. Eu morava em um bairro
consideravelmente bom, eu gostava, as vezes dava pra ir a pé ou de bicicleta
para o trabalho, quando a minha mente fazia muito barulho eu gostava de ir
andando, me distraía olhando as pessoas, era bom mudar o foco as vezes da minha
vida nada interessante. Hoje era um desses dias, fui caminhando e resolvi fazer
um trajeto diferente, pois eu não queria chegar cedo ao trabalho como de
costume, no meio do meu trajeto eu pensava em como as coisas estavam numa
mesmice e pouca coisa me surpreendia, enquanto isso eu ainda cantarolava The
smiths e não sabia porque, durante a ida passei em frente a loja de cd’s, eu
sempre quis entrar nessa loja mas eu sempre adiava sem nenhum motivo, e eu
resolvi parar por impulso, faltava meia hora para chegar ao trabalho e esse
fato não me incomodou, entrei sem hesitar.
Fazia tempo que eu não ia em uma loja dessas e eu nem sabia que estava aberta uma hora dessas, a loja era normal e até mesmo antiga mas simples, fiquei maravilhado e ao que pude perceber não tinha ninguém além de mim, fui caminhando em direção aos cd’s antigos, aqueles clássicos como: Nirvana, The Cure, Aeromisth, The Beatles, The Rolling Stones, The Smiths e etc, e avistei o cd do The Smiths e na hora que eu direcionei minha mão ao cd alguém foi mais rápido do que eu e eu me espantei, olhei rapidamente pra cima. Uma garota ruiva, relativamente alta de olhos verdes, extremamente bonita segurava em suas mãos os cd que eu tanto queria, ela sorria com algo como: “fui mais rápida que você’’, e ela realmente foi o que me deixou um pouco frustrado:
“Desculpa, mas você não se importa, certo?” Ela falou ainda me olhando e com o cd em mãos. Fiquei um pouco sem reação.
Fazia tempo que eu não ia em uma loja dessas e eu nem sabia que estava aberta uma hora dessas, a loja era normal e até mesmo antiga mas simples, fiquei maravilhado e ao que pude perceber não tinha ninguém além de mim, fui caminhando em direção aos cd’s antigos, aqueles clássicos como: Nirvana, The Cure, Aeromisth, The Beatles, The Rolling Stones, The Smiths e etc, e avistei o cd do The Smiths e na hora que eu direcionei minha mão ao cd alguém foi mais rápido do que eu e eu me espantei, olhei rapidamente pra cima. Uma garota ruiva, relativamente alta de olhos verdes, extremamente bonita segurava em suas mãos os cd que eu tanto queria, ela sorria com algo como: “fui mais rápida que você’’, e ela realmente foi o que me deixou um pouco frustrado:
“Desculpa, mas você não se importa, certo?” Ela falou ainda me olhando e com o cd em mãos. Fiquei um pouco sem reação.
“Não..” Falei um pouco hesitante.
“Quero dizer, na verdade sim. Eu queria muito
esse cd.” Falei já um pouco mais sério.
“Perdão,
mas é que eu to procurando por esse cd há tempos e eu finalmente encontrei, é o
que falta para minha coleção.” Ela disse normalmente.
“Pra
minha também, e eu sei que o meu cavalheirismo deveria deixar você comprar o
cd, mas eu o deixei casa hoje.” Disse num tom irônico.
“Não
sei se algum dia você sai com ele, além do mais, você demorou a pegar o cd, e
então eu fui mais rápida.” Ela disse irritada.
“Eu
cheguei aqui primeiro.” Rebati em resposta.
“Eu
estava aqui antes de você, só que na outra sessão de cd’s.” Ela respondeu. O cd
ainda permanecia em sua mão, observando mais detalhadamente ela tinha outro cd
na mão esquerda, ela vestia uma camiseta de lado com o símbolo do Ramones, ela
me encarava normalmente e eu a encarava de volta. Ficamos em silêncio por uns
minutos, entrei num conflito interno se devia deixar ou não a moça ruiva a
minha frente levar o cd, ela me olhava como “deixa eu ficar com o cd, por favor”,
não queria me deixar convencer, por fim, sugeri:
“Que
tal nenhum dos dois ficarem com o cd. Seria mais justo para ambos.” Falei.
“Mas
eu quero tanto!” Ela disse insistindo, ela hesitou por alguns segundos e
respirou fundo depois num tom de derrota e disse:
“Tudo
bem.”
“Deixe
outra pessoa se deliciar cm The Smiths, uma que talvez não conheça. Estaremos
fazendo um bem para a humanidade.” Ri sarcástico.
“Tudo
bem, até que não é uma má ideia. Essa geração precisa mesmo de música boa.” Ela
riu um pouco. Eu a olhei e percebi que o cd que estava na sua mão esquerda era
do Aeromisth, sorri comigo mesmo.
“Você
também gosta deles.” Afirmei, olhando para o cd que estava em sua mão.
“Sim.”
Ela respondeu. “Eles são incríveis, você não acha?” Ela disse com um pouco de
entusiasmo na voz.
“Com
certerza. Dream On é uma das minhas preferidas.” Respondi no mesmo entusiasmo
que ela.
“Ah,
sim. Mas é a minha segunda preferida. Crazy, sem dúvidas é a melhor.” Ela
sorriu.
“Ah,
essa também.” Eu disse. “Posso ver esse cd que está nas suas mãos?” Perguntei a
ela.
“Ah,
claro! Só não pode querer levar esse também.” Ela riu e eu ri com ela e depois me
entregou o cd. Olhei o cd e quis levar comigo, mas não por implicância, mas
porque aquele cd era as melhores músicas da banda! Eu estava
procurando há muito tempo!
“Caramba.
Eu estava doido procurando esse cd, onde você encontrou?” Perguntei curioso.
“Aqui..
na verdade, eu tinha encontrado ontem mas, escondi em outra sessão.E hoje
resolvi vir aqui pegar antes que achassem.” Ela deu sorriso de lado. E eu ri da
normalidade dela ao falar isso.
“Esperta
você, não teria pensado nisso.” Entreguei o cd em suas mãos e nossas mãos
tiveram o primeiro contato, e ela pareceu ficar com um pouco de vergonha, ela
me olhou e logo depois desviou o olhar, eu apenas sorri.
“Bem,
tenho que ir agora.” Ela disse se despedindo e deixando o cd do The Smiths no
mesmo lugar onde havíamos encontrado.
Eu
acenei com a cabeça e ela se virou indo em direção ao caixa. A observei de
longe, e ela colocou seus fones e começou a cantarolar, fiquei apenas parado,
ela pagou o cd e foi saindo da loja. Num ato de impulso e quem dirá insano eu
peguei o cd do The Smiths e fui rapidamente ao caixa, paguei e saí com um pouco
de pressa e fui atrás da moça ruiva. Eu não sabia bem porque fiz aquilo e nem
porque estava indo atrás dela. Talvez eu tivesse deixando arder, ou melhor, as
coisas acontecerem mesmo que eu não acreditasse nisso, ou uma explicação mais
lógica: eu estava fora de mim. Ela não estava muito longe e caminhei um pouco
mais rápido para poder alcançá-la e toquei em seu ombro e ela se virou
assustada, tirando os fones:
“Caramba,
que susto.” Ela disse quando me viu. Ela respirou fundo.
“Desculpe
por isso.” Eu disse.
“Mas,
hm.. Em que posso ajudar rapaz do cd?” Ela disse e eu sorri quando vi que ela
parecia ter me dado um apelido.
“Eu
sei que pode parecer estranho e você nem me conhece, mas eu pensei da gente
escutar o cd do The Smiths, eu acabei comprando.. e eu vi que você está com um
toca cd’s e depois vemos com quem fica o cd.” Quando me dei conta já tinha
falado, eu não sabia porque estava fazendo isso, eu já podia ver ela rindo da
minha cara ou no mínimo fugindo de mim com medo de eu ser um psicopata. Ela me
olhou surpresa e continuou me encarando, eu estava prestes a virar e ir embora
sem ao menos pedir desculpas por essa atitude feita sem pensar, quando ela
disse:
“Talvez
pareça loucura mesmo, mas eu aceito.” Ela sorriu sincera. Sorri de volta mais
num sentido de alívio, estávamos parados de frente um pro outro. Ela tinha aceitado, mas fiquei um pouco sem saber o que fazer.
“Vem,
tem um lugar muito legal e não faz barulho, dá pra gente aproveitar bastante.”
Ela me puxou pela mão e eu me deixei levar por essa estranha, e ela sabia muito
bem me conduzir e onde estava indo, por um breve momento a minha razão me fez olhar no
relógio e marcava quase oito e meia da manhã, lembrei do meu trabalho e me
perguntei: “O que eu estou fazendo?”, parei bruscamente e ela se virou e
perguntou:
“Algum
problema?” Ela disse calma.
Eu
quis dizer que sim, que estava louco e que tinha que trabalhar e que isso não
podia estar acontecendo, mas na hora a única coisa que consegui dizer foi:
“Não,
nenhum problema.” Sorri e ela retribuiu.
Me
aproximei e fui caminhando do seu lado, estávamos de mãos dadas. Estar ao lado
dessa estranha estava me fazendo bem, de
repente a minha mente barulhenta parecia se acalmar e os meus afazeres não eram
nada e nem importantes, eu não me sentia culpado por estar ali. Se eu era louco
de fazer esse convite e estar mudando toda a minha rotina hoje, ela era mais
louca que eu por ter aceitado e estar indo para onde quer que fosse com um
estranho. O lugar parecia nos levar a um parque um pouco distante do centro, eu
já tinha ido lá algumas vezes, gostava muito de ir lá quando queria pensar.
Enquanto caminhávamos íamos calados, mas não era um silencio de tensão e também
não era um momento que precisasse de palavras, eram só dois estranhos curtindo
a presença um do outro, e por fim chegamos ao parque, mas não me contive e
perguntei:
“Porque
você aceitou vir?” Perguntei curioso e já parado. Seu olhar era instigante, ela
demorou um pouco para responder.
“Eu
não tenho um motivo certo, só aceitei. Além do mais, quando um estranho me
chama para escutar o cd de umas das minhas bandas favoritas?” Ela disse
calmamente, seu rosto mantinha um sorriso sereno. Consenti com a cabeça, mil
curiosidades e perguntas me vieram a cabeça:
“Você
faz isso sempre?” Perguntei curioso.
“Não
muito. Na verdade, é a primeira vez, mas, acredito que é sempre bom deixar se
levar, ou pelo menos de vez em quando.” Ela disse. Ficamos em silêncio.
“E
vale a pena?” Voltei a falar.
“Faço
as palavras de Fernando Pessoa as minhas: tudo vale a pena quando a alma não é
pequena.” Ela falou e eu me mantive calado.
Ela de alguma forma me deixa sem resposta o
que me deixava um pouco incomodo pelo fato de isso quase nunca acontecer, ela
me puxou e caminhamos um pouco mais, sentamos em um banco qualquer, pela
primeira vez prestei atenção no quanto dia estava bonito e ventilado. Ela tirou
da sacola o cd do Aeromisth e colocou no seu toca discos, me deu um lado do
fone, a primeira música era “Dream On”, sorrimos juntos e ela começou a
cantarolar e continuei junto com ela. E quando tocavam algumas músicas trocamos
olhares e sorrisos, apenas sentindo o momento, algumas vezes ela fechava os
olhos e cantarolava sozinha e eu apenas aproveitada a música e a sua voz baixa,
naquele momento eu não me sentia desconfortável, pelo contrário, eu me sentia
tão bem quanto qualquer outro momento que tivesse tido, as músicas acabaram e o
cd do The Smiths estavam em minhas mãos, ela me olhou:
“Esse
cd é maravilhoso, você conseguiu sentir isso?” Ela me disse no tom de êxtase.
“Sim,
é calmo e ao mesmo intenso. É uma sorte sua ter conseguido antes.” Eu disse.
“Eu
sei, mas, me diga rapaz do cd, porque está aqui?” Ela me olhou.
Eu
a encarei, eu não esperava que ela me perguntasse meus motivos por estar ali,
ou talvez esperasse, mas, nem eu sabia o motivo de eu estar ali. Ela não se
intimidava com meu olhar e isso me instigava ainda mais, nossos olhares se
sustentaram por um bom tempo, seus olhos verdes escuros me faziam querer
continuar, mas, eu olhei pro lado e voltei a encará-la:
“Porque
eu estou deixando arder. To deixando esse barulho da minha mente acalmar, quero
finalmente fazer algo sem pensar sem pensar no que pode me esperar depois, to
me deixando acordar depois de tanto tempo.” Falei calmo.
“Porque
você não acordou antes? Porque agora?” Ela me perguntou. E as suas perguntas
eram as mesmas que as minhas.
“Porque
sou acomodado em minhas certezas. Não gosto de pisar em falso, gosto de saber
do que me espera.” Falei.
“Nenhuma
certeza vale por muito tempo.” Ela disse, me encarando.
“As
minhas valem.” Rebati para ela.
“Você
precisa se atualizar quanto a isso.” Pensei no que ela disse.
De
uma forma estranha o fato de eu ficar sem respostas quando ela dizia algo, não
era tão ruim. Entreguei a ela o cd do The Smiths, e colocou para tocar. As
primeiras músicas tocaram e ela fechava os olhos voltando a cantarolar e eu me
deixei seguir por ela, fechando os olhos também, até que a próxima música era “There
is a light that never goes out”, ela abriu os olhos e me olhou e na mesma hora
abri também, ela deitou em meu ombro e cantamos junto o trecho “To die by your
side such a heavenly way to die”, a música terminou e ela continuou deitada em
meu ombro e logo ela voltou a se sentar normalmente e a olhei. Em seu olhos
haviam multidão de estranhos, mas que de repente se concentra em só uma, a
música estava baixa e eu podia ouvir seus pensamentos não sabendo se era os
meus ou os dela, o olhar de uma estranha é como se deixar ser olhado por
estrelas, e parecia que ela estava descobrindo meus segredos e acho que ninguém
me leu tanto como essa garota. Ela sorriu e sorrisos são como pontes para que uns
outros possam passar e por causa disse, quebrei a distância entre nossos rostos
e lhe dei um beijo. Aquele beijo foi diferente, a sensação foi de intensidade
com a mistura de calmaria, não era igual a nenhum que eu tivesse tido antes e
isso me queria fazia querer mais, essa sensação era tão boa que eu nem sabia se
eu sentiria outra vez na vida, minha mão estava em seu rosto e a dela minha
nuca. Ela quebrou o beijo, me olhou e me abraçou. Depois falou baixo em meu
ouvido:
“Espero
que você se permita mais vezes.” Ela se afastou e deu um beijo no meu rosto.
Arrumou suas coisas e se levantou.
“Obrigado
por me ajudar com isso.” Olhando se levantar. Ela sorriu mais uma vez antes de
virar as costas. Não precisávamos dramatizar aquele momento tudo em uma
despedida ou estragar num desespero de querermos nos ver novamente, nos íamos
nos encontrar. Segui acreditando que se fosse pra ser, seria. Me dei conta que
durante toda a situação não perguntei seu nome, mas não achei necessário até
aquele momento e me levantei indo atrás pela segunda vez naquele dia:
“O
seu nome é?” Perguntei. Ela se virou e disse:
“Ana,
meu nome é Ana.” Ela sorriu.
“Me
lembrarei desse nome, Ana. O meu é Noah.” Ela assentiu e foi embora.
Me
virei e fui em direção contrária a dela, fui andando de volta para casa com Ana
em minha cabeça, até que escutei um barulho que parecia um despertador.. Abri
os olhos, e olhei pro lado e o barulho vinha do despertador ao meu lado que
marcava sete horas em ponto. Me levantei atordoado e sentei na cama, eu não
queria acreditar que tudo sido um sonho, por alguns segundos eu podia jurar que
tinha sido tudo real. Fui fazer minha higiene pessoal e me arrumei para ir
trabalhar, saí de casa e decidi ir para o trabalho e a sensação de
deja-vú me incomodava, fiz o mesmo caminho que fiz no sonho só pra checar e garantir alguma certeza se foi real ou não, passei em frente a loja de cd’s e não parecia ter
ninguém lá dentro, o relógio me lembrava que tinha que ir para o trabalho e fui andando,
eu estava com a sensação de esperar que alguma coisa acontecesse, até que
enquanto caminhava, alguém tocou no meu ombro e eu me virei sabendo quem era, era ela:
“Oi
Noah.” Ela sorriu pra mim.
“Oi
Ana.” Respondi e retrubuí o sorriso.
Talvez
seja realmente como o meu escritor favorito diz: Seja lá como for a história e se essa
história tiver uma canção narrando a situação, não importa qual seja, é amor.
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