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Drunk in love.

O meu dia não estava sendo um dos melhores e eu tinha leve impressão que ainda iria piorar, enquanto caminhava de volta para casa eu passei por uma banca e pelo relance dos meus olhos eu vi uma revista cujo na capa estava ele e ela, eu parei na frente da banca e puxei a mesma para ler abrindo onde me interessava, e enquanto lia eu sentia raiva e tristeza, e então uma declaração me chamou a atenção. Eu fiquei furiosa a ponto de quase amassar a revista, respirei fundo e coloquei de volta no lugar e fui embora e eu já nem conseguia conter as lágrimas insistiam em sair dos meus olhos. Meu choro não era de tristeza, mas sim de raiva, eu tremia por inteiro. Eu fui andando rapidamente tentando esquecer as imagens que tinha visto e a declaração que tinha lido naquela maldita revista. Maldita hora em que resolvi ler aquilo. Era nessas horas que tinha certeza que eu era uma filha da puta doente masoquista, eu podia ter evitado, podia ter ignorado mas não, eu tinha que fazer tudo ao contrário. Aquelas palavras ecoavam na minha mente: “quem sabe a gente não tenha uma segunda lua de mel” e eu realmente me sentia atordoada toda vez que lembrava e pior que isso, sentia uma pontada no meu peito que dificultava minha respiração. As lágrimas escorriam e eu as limpava na tentativa de escondê-las de mim mesmo.
Eu não queria ser fraca ao ponto de me deixar abater por uma simples declaração dessas, mas só Deus sabia como eu me sentia toda vez que eu passava por essas situações, e só de pensar que mal começava me fez prender a respiração. Eu não queria ir pra casa, porque eu sabia que no mínimo eu ia passar metade da noite chorando e nada ia se resolver, eu tinha uma ideia melhor e então resolvi passar no pub casual de sempre. Não que beber fosse resolver algo também, porém era melhor do que ficar em casa. Implorei mentalmente para que meus amigos tivessem a mesma ideia que eu e estivessem lá, pois pior que ficar em casa, era beber sozinha e terminar chorando!, respirei aliviada quando os vi na mesa de sempre.
- Hey pessoal. – Falei para todos.
- Fala Karina! Já ia pedir pra Lisa te mandar mensagem. – George disse sorrindo.
- Parece que eu adivinhei não é?- Ri.
- Senta aí. E aí o que vai querer? – George perguntou.
- Tequila só pra abrir a noite. – Falei convicta.
- Ow, um pouco forte pra começar não? – Lisa disse.  E eu ri olhando pra ela.
- Olha quem tá falando. E ninguém vai me acompanhar não? – Eu sorri maliciosa. Eles me olharam e por um momento eu me senti estranha, não que eles estivessem errados e ainda era quinta-feira, mas eu não queria pensar nisso.
- E você já viu a gente arregar pra alguma coisa? Afinal, a gente aprendeu com a melhor. – Foi a vez de Jack dizer. E eu ri.
- Vou encarar como um elogio, ok? – Falei e todos riram.                                                      
Lisa falou com o garçom e ele nos trouxe uma rodada de tequila e eu olhei pra bebida e senti quase que um arrependimento, e então aquelas palavras voltaram a ecoar em minha mente e mais uma vez a raiva voltou a aparecer. Peguei o sal e coloquei um pouco em minha mão e levantei o copo, esperando meus amigos fazerem o mesmo.
- Arriba, abajo, al centro para dentro! – Falei e eles tentaram repetir as minhas mesmas palavras com o sotaque carregado, que me fez rir um pouco. Virei o copinho e o gosto forte do álcool me fez fazer uma careta e eu procurei logo o limão para aliviar o gosto em minha boca. Batemos na mesa como de costume e todos rimos.
Então eu lembrei que não tinha comido, mas dei de ombros e não liguei. George iniciou então uma rodada de chopps e eu não hesitei em acompanha-los. Conversamos sobre várias coisas e nosso dia a dia e de repente eu já estava rindo demais e me sentindo meio tonta. Então meu celular vibrou e apareceu no visor uma mensagem da Amanda e eu bati a mão na testa, pois tinha esquecido de avisa-la e já tinha passado da hora de eu voltar pra casa e pra não me denunciar ligando e nem correr o risco dela me ligar de volta e ouvir aquela bronca, respondi a mensagem dizendo que estava com uns amigos e  que não era pra ela se preocupar, ela respondeu algo de volta que eu teria lido se meu celular não tivesse descarregado, dei de ombros e continuei a beber. Quando senti que minha cabeça já estava rodando demais decidi ir embora, menti para os meninos dizendo que a Amanda iria me buscar e me despedi saindo dali, não queria companhia pra ir pra casa, eu só queria ficar um pouco sozinha. Antes de ir eu pedi um cigarro de Jack, porém eu não queria recorrer a nicotina, era um hábito que eu mal havia criado, mas que naquela hora por alguma razão eu achei necessário. Saí do estabelecimento andando pelas ruas, parei e acendi o cigarro e me encostei em um banco qualquer no qual a minha vista era o rio Tâmisa. No meu primeiro trago aquela sensação falsa de relaxamento e leveza caiu sobre mim com facilidade, levei minha cabeça pra trás denunciando minha tontura e mistura de cigarro e bebida, e eu ri com ironia. Eu sabia que não devia estar fazendo isso, mas aquele era o meu único refúgio no momento, por mais que eu fosse repreendida fortemente depois pelos meus amigos e principalmente por ele. Balancei a cabeça e me deixei me levar por uns breves minutos.
Parei e tentei me concentrar e olhei para o relógio em meu pulso e já marcava quase uma da manhã e eu fui em direção a estação do metro e eu me senti agradecida por a Inglaterra ser um país praticamente seguro e me dar esse luxo de ir para estação aquele horário. O trem passaria daqui uns minutos e então eu acelerei o passo antes que perdesse. Adentrei o mesmo e sentei, minha cabeça rodava e eu me sentia enjoada, respirei fundo. A minha sorte é que Chichester era a primeira parada e logo eu poderia ir pra casa, quase meia hora depois a voz de uma mulher anunciava a primeira parada e eu saí do trem e fui em direção da saída da estação. E assim que saí um vento frio me fez me encolher e ajeitar meu casaco e subitamente eu senti falta da minha cidade natal, e eu que nunca pensei que isso aconteceria. Depois de quase três anos, eu acho que nunca me acostumaria com o frio, acelerei o passo e fui caminhando até chegar em casa e ao chegar perto eu paralisei, tinha um carro estacionado na frente ao prédio e eu reconhecia aquela BMW em qualquer lugar, Thomas estava encostado na mesma com os braços cruzados, ele virou o rosto e também pareceu ficar paralisado. Voltei a caminhar e meu coração tinha acelerado e meu estômago embrulhado, ele me acompanhou com o olhar até eu chegar perto do portão.
- A gente precisa conversar. – Ele falou secamente.
- A gente não tem nada pra conversar. – Falei igualmente fria com ele.                     
Ele realmente tinha me surpreendido com sua aparição, eu não esperava e não estava preparada, porque não nos víamos há alguns dias e nosso último encontro não tinha sido um dos melhores, adentrei ao prédio e eu sabia que ele viria atrás. E eu rezei pra que a Amanda estivesse no apartamento e pudesse me ajudar, mas assim que cheguei no mesmo ele parecia vazio. Ótimo, era tudo que eu precisava. Tirei meu casaco e agradeci por nosso apartamento ter um aquecedor, Thomas fez o mesmo e eu senti seu olhar sobre mim ainda que eu estivesse de costas.
- A gente precisa conversar, Karina. – Ele falou mais uma vez.
- O que você quer conversar, Tom? – Falei me virando pra ele e o encarando. Eu ainda me sentia um pouco tonta, mas agora não muito e eu sabia que era devido a ele, parece que tudo havia sumido assim que eu o vi.
- Eu sei que você já deve ter lido aquela declaração, mas eu posso explicar. – Ele disse cuidadosamente. E eu me contive pra não surtar de raiva. Ele foi se aproximando e de repente ele parou e seu semblante ficou ainda mais sério.
- Você estava bebendo. – Ele afirmou. E eu tive que rir. Era só o que me faltava. Ele continuou. – Puta que pariu Karina, eu não acredito! – Ele exasperou.
- Ah Tom, me poupe. Como se você não soubesse. – Eu disse cansada. Eu sabia que ele havia percebido pelo meu semblante talvez, e ele sempre sabia. Tom não me proibia de beber, porém ele não gostava muito, algumas vezes ele dava um ataque como agora.
- Qualquer problema agora você desconta na bebida? Será que daqui a pouco em vez de te visitar no seu apartamento, eu vou ter que ir aos alcoólicos anônimos? – Ele disse seco e carregado de ironia. Eu arregalei os olhos não acreditando no que ele tinha dito, e acho que ele nem parecia ter acreditado. E eu ri de descrença. A implicância dele com o fato de eu beber vinha sendo frequente e eu sabia porque, e acho que porque ele tinha medo de passar pelo mesmo problema que teve com Dougie, e eu quase entendia mas não me deixei abalar por isso.
- Pelo menos eu  não preciso tomar remédio. – Eu disse dando um sorrisinho cruel. Eu sabia que tinha pegado em seu ponto fraco, e me arrependi no seguinte segundo em que tinha falado aquela frase, porém tentei me manter firme.
- E pelo visto eu acho que não vou ser único. – Ele continuou e o arrependimento que eu tinha sentido foi embora tão rápido quanto veio.
- Não é de se espantar, olha só quem eu tenho como exemplo. – Respondi falando com os dentes cerrados, apelando pra argumentos baixos e eu sabia que devia parar, mas meu instinto de contestar não deixava e por esse motivo a gente sempre brigava, porque eu não conseguia me manter calada.
- Então é assim que você quer resolver as coisas? – Ele perguntou impaciente.
- Resolver o que? A gente não tem nada pra resolver, nem pra conversar, na verdade a gente não tem nada. – Eu falei começando a levantar a voz.
- É isso que você acha? – Ele me perguntou me encarando.
- É. – Eu falei desviando o olhar.
- Porra Karina, colabora comigo. – Ele falou levantando a voz também. Eu me afastei indo pra longe do mesmo.
- Colaborar? Colabora você comigo! Porque é isso tudo que eu venho fazendo!- Eu disse.
- Eu sei.- Ele disse baixo mas ainda me encarando. Ele continuou. – Mas me escuta, deixa eu te explicar... – ele disse mais uma vez.
- Explicar o que Tom?! Que vocês vão ter uma segunda lua de mel e que são o casal perfeito? – Eu quase cuspi aquelas palavras pra ele. E mais uma vez eu me senti tonta, mas me mantive firme.
- Foi algo sem pensar, a gente nem sequer conversou sobre isso direito, nem é uma possibilidade real caramba! Foi só uma resposta qualquer. – Ele disse tentando manter o controle em sua voz. Tom sempre foi muito calmo, mas por alguma razão quando a gente brigava ele não demorava pra estar os berros comigo e essa semelhança me deixava preocupada, porque eu não sabia até que ponto a gente podia falar algo sem pensar. Porém naquele momento eu não estava me importando, não muito.
- Oh, é claro! Como sempre né Tom! Você e  sua vida perfeita, família perfeita e eu tendo que aguentar isso. E como se não bastasse você ainda vem me julgar porque eu bebo!.- Eu disse ainda falando alto. – Como se beber fosse o único problema – Parei e ri ironicamente mais uma vez. – Se fosse, eu te garanto que eu já teria resolvido isso. – Finalizei.
- Não precisa jogar as coisas na minha cara. Porque você sempre faz isso? - Ele falou. – Como se eu não soubesse do que você tem que passar, me desculpe mas eu não posso fazer nada.
- Chega Tom! - Falei alto e nem esperei ele tentar continuar, porque no fundo eu sabia que era exatamente isso.
- Me entende por favor! Eu to tentando, mas será que você não vê que isso é tão difícil pra mim quanto pra você?!- Ele falou um pouco alto voltou a se aproximar de mim, mas eu voltei a me afastar dele.
- Por que tudo sempre se resume o quão difícil pra ti não é?- Eu perguntei esperando por uma resposta que eu já sabia. Ele permaneceu calado.
- É Karina é difícil pra mim sim e se você não consegue ter um pouco mais de paciência e maturidade eu sinceramente não sei como vai ficar nossa situação.-  Ele disse  firme me olhando seriamente.
- Não venha você me falar de maturidade. Você nunca foi um exemplo. – Eu disse tentando controlar o tom da minha voz e também pra não avançar em cima dele. Eu estava com raiva e eu não saberia qual seria minha reação se ele continuasse a me provocar com insinuações absurdas. Ele se manteve no lugar e soltou um suspiro e nos encaramos por uns segundos que pareciam uma eternidade.
Eu não tinha percebido então ele aproximar e ficar na minha frente, e só de sentir ele tão perto de mim me fez arrepiar, nos encarávamos e então sem que eu me desse conta ele me puxou e eu segurei em sua nuca com força respondendo no mesma hora a sua reação e assim que eu senti seus lábios aos meus eu gemi involuntariamente, e eu não demorei em abrir minha boca e deixar que a língua dele se encontrasse com a minha e nós começássemos a trocar carícias entre as mesmas. Sua mão desceu pra minha cintura e ele apertou forte me fazendo morder seu lábio inferior, minhas mãos não paravam quietas passeando desde sua nuca até suas costas. Desesperados. Mais uma vez nos entregávamos ao nosso desejo de querer ambos, mas eu sei que nesse desespero havia alívio e saudades, e era assim que eramos a maior do tempo. Ele foi me guiando até a parede da sala sem quebrar o beijo, no qual seu corpo se juntava máximo que ele podia ao meu, ele quebrou o beijo logo depois descendo seus lábios para o meu pescoço no qual eu arfava tentando respirar, e ao sentir seus lábios umedecidos em minha pele eu fechei os olhos em delírio, grunhindo alto e eu senti ele soltar uma risadinha abafada. Levei minha mão até sua nuca e puxei seus cabelos com força e em resposta ele mordeu levemente meu pescoço, me fazendo delirar ainda mais. Eu me sentia totalmente entorpecida por essa sensação que só ele causava, e isso eu sabia que era real. Ele voltou a me encarar e agora eu podia ver que de bravo ele não tinha mais nada, ele encostou os braços na parede perto dos meus ombros e inclinou seu rosto ao meu roçando nossos lábios, me fazendo sentir leves arrepios. Eu achava quase engraçado essa implicância que ele tinha sobre o fato de eu beber, sendo que a minha verdadeira embriaguez vinha dele, pela sensação que ele me causava e pelo cheiro incrivelmente gostoso que ele possuía, que só por ele estar próximo eu sentia. Respirei fundo me deixando levar dessa vez, de verdade.
Eu sabia onde tudo aquilo ia acabar e me xingava mentalmente por não conseguir me controlar. E eu tentava manter uma linha de pensamento, mas com seus lábios incrivelmente deliciosos no meu pescoço eu só conseguia pensar em querer arrancar nossas roupas. Eu tentei pronunciar algo mas minha voz não saiu. E eu sabia por que eu no fundo eu ansiava por ele, por seus toques e presença e por isso eu não conseguia parar e por mais que eu tentasse ignorar, o meu corpo respondia a tudo que ele fazia só pela presença dele. E talvez eu nunca fosse entender como tudo isso era possível, e mais que isso eu sabia que no fundo ia sempre me render e me assustava um pouco por que com ele foi sempre assim, e me deixava enlouquecida.  Se me pedissem pra explicar eu nunca saberia dizer, era amor com certeza e mais que isso era loucura, desde o começo. Mas já dizem por aí que o problema não é ser louco, e sim quando ele ama a sua loucura e disso eu sempre soube, eu amo a minha loucura e amo principalmente quem é o causador dela.  

I've been drinking, I've been drinking 
I get filthy when that liquor get into me
 I've been thinking, I've been thinking 
why can't I keep my fingers off it, baby?
 I want you. Drunk in love, we be all night. 



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