Estava um clima chuvoso hoje, como eu nunca tinha visto antes aqui nessa cidade. Caía leves chuviscos pela janela e eu observava de um por um, me dava uma sensação de calma de que eu tanto procurava pra mim, apesar de eu não ter chegado a total intensidade dessa “calma”, soou meio confuso, mas você consegue entender o que quis dizer?.Os chuviscos cessaram e agora só tinha a rua molhada e a ventania, o silêncio dessa vez não falava nada, olhar pela janela e rua abaixo sempre fazia me perder em pensamentos e me perder nele. Eu vinha adiando esse momento faz certo tempo, eu não queria escrever porque eu não sabia o que escrever e continuo sem saber, pra ele eu também escrevi cartas, poucas é claro, mas ainda assim eu escrevi. Eram diferentes, tinham um tom tanto de alegria quanto de tristeza. Voltei e me sentei na escrivaninha, pronta pra escrever ou talvez desabafar.
“O que havia entre nós dois foi tiroteio. Eu nunca quis que isso combinasse com nós, na verdade eu nunca quis que nenhum desses meus textos tristes e músicas também combinasse, amor. Me diz o que aconteceu entre nós? O que foi que você fez e o que foi que eu foi que eu fiz? Os caminhos que a gente segue agora são totalmente o oposto de nossos planos de ser felizes e estarmos juntos num futuro mais próximo. Eu me culpo por aí pelos cantos da casa, noites adentro me perguntando mais uma vez: o que foi que fiz de errado pra merecer tamanha mentiras? Sabe, eu cederia teus pecados caso quisesse chorar, mas esse teu choro e palavras não me consolam mais, já não me dão a segurança de um ano atrás. Eu escreveria os mesmos passos pra que isso tomasse um rumo diferente, mas eu vejo que não pode ser assim. Eu te amei tanto, eu te amo tanto. Veja bem, meu bem não quero fazer disso um drama na tua vida e nem minha porque acho que apesar de tudo, não merecemos tamanho fardo, você não acha, amor? Eu sei, que até um certo ponto foi verdadeiro e a coisa mais pura que já pode sentir, mas houve um momento em que as coisas já não iam como o planejado. Não, não fala nada, deixa tudo assim por mim porque nada disso foi só culpa sua, o que nos trás aqui é tanto eu quanto você, é tudo real as minhas mentiras de ficção de amor. Você sem dúvidas foi a ‘coisa’ mais linda da minha vida, me deu imaginações, me deu sorrisos que eu nem sabiam que podiam existir, me fez sentir cheiros que eu sei que de um modo ou de outro te pertencem, me trouxe a felicidade e fez sentir aquele gostinho de quero mais, mas talvez a tua participação toda nessa minha ficção esteja se esgotando, liberdade pra quem queria e quis até demais, quis a tua sede de amor e eu tive, não que o que sinto por você esteja acabando, mas a intensidade do prazer já não é a mesma, tu sem querer foi acabando com isso com tuas verdades mentirosas, mas o teu amor é uma vaidade que eu sempre quis. Enquanto eu criava isso com a melhor da minha imaginação eu sabia que uma hora eu poderia acabar me perdendo no meio dessa tempestade que esta por vir agora, mas o que posso fazer se disso eu já não sei mais sair? Calma, eu sei que vou conseguir porque sei que nenhuma dor dura para sempre, e o tempo vai passar e daqui por diante te chamarei com cuidado não mais de amor ou nenhum dos apelidos carinhosos que tanto combinavam com você, e sim de “ausência”. Eu sei que esse teu gosto, foi tudo o que precisei e tudo o que queria e fui tola para desistir, e isso nos trouxe aqui. Eu tenho muito a lhe dizer, mas acho que essas coisas devem a partir de agora devem ficar guardadas e caladas, há muito ser dito e foi pouco demais falado e demonstrado. Prometo que, desde agora eu não contarei de você a ninguém, nem a mim mesmo”.
Peguei o papel e nem fiz questão de lê-lo porque eu saberia que mais tarde, talvez mês que vem, ou na outra semana eu iria tira-la para ler junto com as minhas fotografias amarelas e algumas dores desnecessárias a tona. Guardei, me levantei e fui deitar, sempre que eu escrevia eu gostava de dormir ou fingir que estava dormindo, apesar de que nenhuma dor passa enquanto você dorme.
"Um dia o peito desenferruja e a gente abre mão pro que há de vir. Não agora. Não entendo a urgência. Eu não tenho pressa, desde que seja logo."
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